A caixa de Suspensão Acústica

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http://history.sandiego.edu/GEN/recording/villchur.html 

 

A caixa de suspensão acústica foi inicialmente apresentada pelo seu idealizador Edgar M. Villchur em 1954. Historicamente falando foi o quarto grande invento na área de gabinetes acústicos a partir do alto-falante com baffle de Rice-Kellog. O primeiro foi a caixa de dutos ressonantes (bass reflex) de Thuras (1930), o segundo terceiro pode se considerar a corneta dobrada Klipsch (1940), e o terceiro a caixa exponencial Karlson (1952). As grandes cornetas do período 1925- 1940 podem ser consideradas conseqüências dos parâmetros da primeira invenção R-K.

O primeiro grande intento de Villchur foi sem duvida alguma a extraordinária simplicidade, que combinada às suas pequenas dimensões, expandiu de imediato a alta fidelidade com som estereofônico para um novo segmento de mercado. Villchur teorizou sua nova caixa de maneira diversa da tradicional. Ao invés de minimizar a ressonância dos falantes através da carga inversora de fase durante a ressonância  (que sempre acontece com pequeno desvio de fase) resolveu ele a sobrecarregar o falante com uma carga de ar na parte posterior do mesmo, através da redução do volume ao mínimo e utilizando a elasticidade do ar em seu interior, desta forma eliminando também toda a irradiação sonora proveniente da parte posterior do alto falante, sempre defasada de 180° com a onda anterior. Segundo suas próprias declarações, cortando o nó Górdio da caixas acústicas

Esta providencia, uniformizou e praticamente eliminou o ponto de ressonância dos alto-falantes, e woofers estendendo a resposta dos mesmos à bem abaixo do ponto de ressonância. As Caixas AR reproduziam graves limpos e sem distorção em freqüências de 25Hz, portanto abaixo das Klipsch nesta faixa de freqüências até superando-as, das Karlson, e muitíssimo abaixo das bass reflex, além disto eram bem lineares em toda a gama do espectro de áudio, mas à um preço, a baixa eficiência.

 

Já havia lido a respeito das pesquisas de Vilchur quanto a preparação de seu alto falante até que um dia lá pelos idos de 1967 O chefe do meu serviço perguntou se poderia fazer um bookshelf para ele. Não pensei duas vezes - Caixa AR (suspensão). Coincidiu com o estudo que estava levantando, e estava ansioso em conhecê-la.  No próximo segmento veremos o projeto como foi realizado.

 

Com a colaboração de meu colega e vizinho Luiz que também era radio-amador PY e um grande marceneiro chamado David montamos a caixa. Lembro que neste primeiro modelo utilizamos um alto-falante full range da GE retirado de um antigo console, mas passei por cima das providencias de Villchur (cortar o cone, colocar feltro de cobertor em volta e substituir a aranha por outra menos flexível) – Usei o alto falante direto. Somente passei uma gelatina na suspensão. Foi suficiente.

Seguimos as dimensões do projeto. A caixa era de aglomerado 20mm usamos revestimento interno de vermiculita (eucatex acústico)  e montamos o alto falante após o fechamento total da caixa com laminado eucatex recoberto com um lençol de borracha colado pela parte interna. A caixa não fica barata, peincipalmente devido à manta de borracha, mas a qualidade final é assombrosa, mormente em se considerando o tamanho.

Ao terminarmos a montagem da caixa ainda aberta uma coisa chamou a atenção: ao aproximar-se dela ficávamos surdos. Todo o som ambiente era absorvido. Ao colocar a cabeça em seu interior quase já não ouvia o que os outros falavam a meu lado.

Nesta mesma época a famosa Goodmans da Inglaterra havia lançado uma caixa de suspensão que cabia na palma da mão com 20W de potencia admissível.

O fato é o seguinte: Choveram pedidos após ouvirem os resultados. E o David era o construtor. Isto logo me levou a tentar um tipo bem mais barato com desempenho equivalente. Foi a caixa de papelão que será descrita em outro segmento. Já havia ouvido uma caixa de papelão muitíssimo interessante a Grundig Stereomate do amplificador de ECL86 que me reporei no capítulo das válvulas.

 

Pelas experiências que tive, estas caixas (tipo suspensão AR) eram bem melhores que os modelos comerciais (bem mais caros) da época. Apesar de sua baixa eficiência, ela é perfeitamente utilizável mesmo com amplificadores de 5 Watts, e perde muito pouco de corpo para quando utilizadas em  amplificadores de 20Watts.  A intenção original, da mesma forma que as Karlson  e até as Klipsch (1940) era usar  um só alto falante do tipo full range. As colocações de outros elementos com divisores são sofisticações, que se não forem bem conduzidas podem ate piorar o desempenho das caixas.

 

O projeto de Villchur é hoje considerado um dos cinco melhores existentes desde o advento do R-K , Eu particularmente também acho e não sei porque não é desenvolvido pelos fabricantes em geral. A meu ver as caixas comuns de mercadode hoje em dia são até bem dissonantes. A mais caras impressionam, mas sempre falta algo. O projeto da miniaturização levado a cabo nas AR influenciaram de maneira inversa as Patrician  600, 700 e 800 que se transformaram em gigantes para seus falantes de 30 polegadas.

 

 

Por razões comerciais, Villchur passou a utilizar tweeters de domo em seus modelos posteriores. Isto foi uma novidade se considerarmos seu uso como altofalante de agudos. Porém o mesmo sistema já existia como driver para cornetas de cinema desde o final dos anos ’20 onde a western Electric os acoplava a gigantescas cornetas de auditório.

 

 

A AR em combinação coma Ampex e a Dynakit faziam demonstrações de audiência de partituras ao vivo e em gravações em palco fechado para que os ouvintes distinguissem qual delas era a verdadeira, qual era a reproduzida., com o intuito de demonstrar a excelência de seu produtos. Com os aparelhos atuais, quem teria coragem?

Outros fabricantes tais como a Ferrograph, a Quad e a Wharfedale foram provavelmente os iniciadores destas audiências já no final dos anos ’40.

 

Abaixo propaganda original e fotos do protótipo e da segunda versão de Villchur Publicado na Radio Television News.

 

 

 

 

 

Continua >>>>>>>>>>

 

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