Base geral da terminologia óptica 

4ª parte

Organizado por L. Paracampo

 

Continuação:

 

Neste setor abordaremos:

 

Tipos de objetivas

Normais

Regulares

Cambiáveis

Fixas

Com foco-fixo

Macro

Teleobjetivas

Retrofoco

De espelho

Para retrato

Com nitidez variável

Telecentricas

Menisco

Ortoscópicas

De distorção

Estenopeica

Pancráticas

 

 

Tipos de Objetivas

 

1- Objetivas normais

Objetivas normais são assim chamadas aquelas em que o comprimento focal é aproximadamente igual à diagonal do quadro fotográfico. Esta determinação até arbitrária foi introduzida apenas por conveniência técnica.

Independentemente das dimensões do quadro fotográfico, objetivos normais são também chamados aqueles em que o comprimento focal é maior que o comprimento focal apical*, menos a distância da primeira superfície ao plano de imagem.

Indica-se freqüentemente que o ângulo de campo de tais objetivos é aproximadamente igual ao ângulo de visão ampla do olho humano; entretanto, a principal característica dos objetivos normais "atuais" consiste no fato em que nas imagens obtidas, Isto é, na fotografia final os objetos têm proporções aproximadamente iguais àquelas quando naturalmente observadas pelo olho humano. Nos objetivos similares da literatura, para sublinhar mais precisamente este aspecto, são chamados às vezes de "natural".

O comprimento focal dos objetivos normais (naturais) para o quadro de 24x36 milímetros, considerando-se uma ampliação para 13x18 cm, está compreendida entre 54 - 58 milímetros.

Para o formato de quadro de 6x9 cm, entre 90 e 110mm.

 

 

 

 

 

 

*Focal apical é a focal medida do ponto frontal da objetiva (vertex óptico) da câmara ao plano do filme.

 

 

2- Objetivas regulares

Objetivas regulares são aquelas que são normalmente incorporadas no conjunto de entrega da câmera, que possua intercambiabilidade de objetivas. Em regra geral, é o objetivo normal.

Recentemente, alguns fabricantes têm optado em fornecerem objetivas do tipo zoom em seus conjuntos. Quando estas são de baixo custo, conseqüentemente serão de baixa qualidade óptica.

 

 

Zenit 6 com Rubin 1 -2.8/37 - 80mm

Kiev 10 com Helios 81

 

3- Objetivas intercambiáveis.

As objetivas intercambiáveis são objetivas destinadas a um corpo ou marca específica de câmera, que tem a possibilidades de se adaptar a diversos sistemas ópticos. Há vários padrões diferentes de objetivas e de sistemas de montagem. Todos os tipos de montagem podem, contudo ser divididos em rosca e baioneta.

A padronização das montagens é precisamente caracterizada pelo tipo (baioneta de determinado tipo ou de determinada linha) e pela distância da superfície de rolamento da montagem do objetivo ao plano focal (onde fica a película). Esta distância chama-se Registro de Montagem.

 

 

 

 

Conjunto de objetivas Zenit

 

 

 

 

 

Baioneta da Objetiva

Lenses part

Baioneta da câmara

Camera part

Medida do registro

 

Esquema de montagem Câmara Start

 

 

4- Objetivas fixas

A maior parte das câmaras no comércio possuem objetivas fixas. Estas são fornecidas com as objetivas, que compõem a integridade estrutural com o corpo da câmera. Tais objetivos geralmente possuem ângulos de visão mais amplos do que o normal, eventualmente podem mudar suas focais através de aditamentos ópticos.

 

Elikon4 com objetiva Industar 95 4/38

 

 

Vivitar Ultra com Ulltra-Wide Lens 9/22mm

5- Foco fixo ou de livre de foco

As objetivas de foco fixo (em inglês fix-focus ou focus-free ) são construídas e montadas nas câmaras em sua posição hiperfocal (não possuindo focalização). São usadas nas câmeras compactas mais simples.

Em óptica chamam-se objetivas de foco fixo aquelas objetivas pré focalizadas de sorte a darem imagens com boa nitidez para as distâncias mais comumente usadas, escolhendo-se a profundidade de foco máxima no infinito.

 

 

Skina e Maliutka

6- Macro-objetivas

Macro-objetivas, ou objetivas para macrofotografia são aquelas feitas para serem adaptadas em trabalho de qualidade tanto para as fotografias de perto como para as de longa distância.

Este campo de ação nas objetivas comuns compreende fotografias desde o infinito até aproximadamente dez vezes o comprimento da distância focal da objetiva, em menores distâncias a qualidade da imagem deteriora-se substancialmente. Por esta razão, nas objetivas comuns, recomenda-se a reversão da mesma, para que a qualidade final fique entre parâmetros aceitáveis.

Os objetivos, corrigidos especialmente exame da imagem a curta distância são chamados macro-objetivas ou objetivas para macro observação. Estas objetivas normalmente possuem um carro de foco que lhes proporciona uma grande extensão, propiciando a sua adequação a estas distâncias.

Quando, portanto uma objetiva oferece diretamente uma escala de aproximação inferior a dez vezes a sua distância focal, esta pode ser considerada uma objetiva “macro”.

Para um aumento na escala da imagem é necessário um avanço significativo da objetiva, estendendo-a bem mais à frente das montagens usuais das câmaras. - Para os objetivos usuais este fim é alcançado com o uso de anéis intermediários adicionais (anéis de extensão), ou dependendo do diagrama óptico da objetiva, aplicando elementos óticos adicionais: macro-adaptadores, macro-lente (lentes de aproximação).

 

 

Industar 61L/Z 2.8/52 e Makro Rubinar 5.6/300mm

Três vistas da objetiva FED -19 3.5/50 com estala de ampliações

 

 

 

 

Quatro vistas da Contaprox/Tessar 3.5/50mm, extensor e focalizador crítico.

 

7- Teleobjetivas

As objetivas Telefoto ou tele-objetivas são aquelas em que suas focais nominais são sensivelmente maiores que seus tamanhos físicos, isto é o ápice traseiro demonstra claramente uma distancia bem mais curta que o valor nominal.

Apesar de oferecerem uma perspectiva semelhante às objetivas de grande distancia focal, estas são fisicamente bem menores.

Sua construção se caracteriza pela existência de um elemento traseiro negativo, o que propicia esta propriedade de focal alargada, funciona de maneira semelhante aos teleconversores, que serão posteriormente descritos, porém como eles, fornecem uma imagem característica, um pouco mais achatada em relação às ópticas de grande focal.

 

 

Jupiter 21 4/210mm, Esta óptica possui o mesmo cálculo da Sonnar 135mm.

8- Tele reversas ou Retrofocus

As objetivas tele reversas ou retrofoco, são objetivas, que contrariamente às anteriores possuem distância focal inferior às suas dimensões físicas. Assemelham-se em sua construção às teleobjetivas  em posição revertida, pois da mesma forma em que estas são mais curtas quando tele, em posição revertida, tornam-se muito maiores que as objetivas de grande focal (sem alteração da ampliação da imagem final).

Sua utilidade está junto ao uso com as câmaras do tipo mono óptica reflex nas quais o espelho móvel ocupa o espaço que a mesma ficaria se fosse uma óptica do tipo ortoscópica.

Estas foram a segunda geração das objetivas do tipo telecentricas , (raios luminosos incidentes na imagem possuem ângulo mais próximo ao perpendicularismo que as ortoscópicas nas focais curtas).

Sua utilização está nas grande-angulares que são na prática construídas com base em uma objetiva normal e um telescópio tipo Galileu invertido.

 

 

 

Mir 10A 3.5/28mm e diagrama.

9- Objetivas de espelho

Na prática de tentar reduzir as dimensões das teleobjetivas, foram desenvolvidas as ópticas de espelho, que incorporam não menos de duas superfícies do espelho em seu diagrama óptico, isto torna possível reduzir consideravelmente o comprimento da distância focal relativa da objetiva. Além dos espelhos, na composição da objetiva podem ser usados vários elementos de lentes, necessárias para a compensação das aberrações inerentes aos espelhos esféricos. As melhores objetivas usam um misto dos dois sistemas.

Os sistemas óticos puramente reflexivos, isto é, usam somente espelhos, são chamados de "catóptricos".

Os objetivos especulares mistos são chamados de "catadióptricos".

Em regra geral são projetados para os comprimentos focais grandes, dificilmente acessíveis para objetivas de lentes refratoras. Por causa das características especiais e naturais das objetivas especulares estas não possuem o mecanismo de mudança no diafragma, e para regular o fluxo luminoso, neles são aplicados filtros neutros de diferentes densidades.

Por causa da sobreposição inevitável do espelho na seção central do campo de visão da objetiva, anéis brilhantes de luz aparecem na imagem quando fora de foco.

As objetivas de espelho são descendentes diretas dos gigantescos telescópios astronômicos em uso em vários laboratórios internacionais.

 

 

 

 

 

Zerkalnii Maksutov 5A 8/500

Zoomar 8/500

Objetivas de 500mm e diagrama.

 

Aqui incluímos a objetiva mais luminosa jamais fabricada.

 

Esta objetiva mista é uma óptica de repetição de extraordinária luminosidade.

Utiliza sistema catadióptico.

 

Poderosa objetiva com 8metros e 20centímetros de distância focal utilizada para rastreamento de satélites.

Durante a 2a Guerra Mundial, os japoneses produziram  duas versões da objetiva “Kanko-2600” em 450 e 750mm de distância focal. Estas interessantes objetivas possuíam exclusivamente espelhos.

 

 

 

10- Objetivas para retrato, Meia tele ou Portrait.

As objetivas do retrato são desenvolvidas para fotografia de rosto e busto, isto é, para retratos de pessoas a pouca distância. As exigências de projeto para este grupo de objetivas, são enumeradas na seqüência:

1) As objetivas não devem dar distorções comprometedoras,

2) Estas devem criar uma certa suavidade e baixo contraste na figura, para esconder os pequenos defeitos do modelo fotografado, para isto devem possuir grandes aberturas relativas.

3) Devem ter também um campo de visão suficientemente estreito para remover objetos indesejados do cenário, criando condições mais favoráveis para fotografar, reduzindo ao mesmo tempo ao mínimo as diferenças de tamanho nas diversas partes do objeto fotografado, situados a diferentes distâncias da câmara, tornando a imagem o mais possível uma fiel reprodução da sensação de perspectiva da visão humana binocular.  

4) Sua profundidade de campo deve ser suficientemente pequena e o foco relativamente agudo para objetos do tamanho de um rosto humano, tornando possível isolar os detalhes psicologicamente significativos e o fundo do retrato deve ter esmaecimento rápido para ênfase ao objeto principal.

Estas exigências começam a serem satisfeitas em objetivas cambiáveis a partir de distâncias focais que correspondem a duas vezes a diagonal do quadro. Nas câmaras de 24x36 milímetros, que possuem uma diagonal de exatos 42.5mm – inicia-se com 85mm, todavia objetivas entre 80 a 200 milímetros, são usadas com êxito. O efeito “bokeh” de suavidade é também alcançado pelas naturais aberrações residuais inerentes da sua construção. Usam-se ainda filtros de efeito que posteriormente abordaremos.

 

 

 

 

 

Objetiva Helios 40 1.5/85mm

 

11- Objetivas para retrato, tipo suave ou com controle de nitidez.

Um outro tipo de objetiva para retrato são as com controle de nitidez. Possuem características quase idênticas às anteriores, estas porém usam um acessório mecânico para controlar as quantidades de imagem provenientes das diversas zonas da objetiva que por sua vez possuem propositalmente sub-correções pré-estabelecidas em sua construção. São normalmente construídas com distâncias focais que se enquadram nos parâmetros anteriores e através de sua abertura relativa controlam as diversas zonas de correção.

Provavelmente a mais conhecida vem a ser a Thambar que usa um filtro especial para bloquear os raios centrais corrigidos. A Imagon utiliza diafragmas especiais cambiáveis para controle das áreas das lentes. A Dreamagon usa um diafragma em forma de estrela para difundir e mesclar as diversas imagens produzidas pela lente. Estas duas últimas mantêm sempre permanentes os raios centrais, o que propicia uma elevada e uniforme profundidade de foco, modificando por completo o “bokeh” proporcionado pelos tipos descritos no item anterior.

 

 

Thambar e seu filtro espelhado no centro.

 

 

Imagon com seus filtros multifuros.

 

 

 

Dreamagon com seu diafragma estelar.

 

 

 

 

 

12- Objetivas Telecentricas

(do grego: tele – longe distante; do latim: centrum -- centro < do grego kentron – círculo, compasso)

A objetiva telecentrica é uma objetiva composta que oferece uma forma inusitada de formar imagens. Seus raios seguem sempre paralelos. Existem dois tipos básicos de objetivas telecentricas, cada qual com um uso específico:

As objetivas do tipo “objeto-espaço” e as do tipo “imagem-espaço”. No anexo 3 detalharemos suas características.

O= objeto

S= Superfície de campo

I= Imagem

 

A característica principal das objetivas telecentricas é que tanto a pupila de entrada como a pupila de saída encontram-se no infinito. Portanto os raios principais (os raios oblíquos que passam pelo centro da abertura do diafragma) são paralelos ao eixo óptico à frente e atrás do sistema óptico. A dupla telecentrica terá ambas pupilas no infinito e raios principais em ambos os lados.

Estas objetivas produzem imagens sempre do mesmo tamanho, independentemente das distâncias entre a lente e o filme (sensor). A focalização não altera as dimensões da imagem.

O desenho abaixo bem ilustra o comportamento destes tipos de objetiva.

 

Exemplo clássico da formação de imagem no sistema telecentrico.

 

Objetivas telecentricas Navitar e Opto Electronics

 

13- Monóculos ou meniscos

Objetiva fotográfica de monóculo ou menisco é usado em fotografia experimental, consiste em uma só lente. No monóculo são usadas lentes convergentes de diferentes focais, que dão aberrações esféricas diferentes, fortemente diafragmadas, (abertura relativa na ordem de 1:8), e com o comprimento focal aproximadamente igual ao dobro da diagonal do quadro, com um ângulo de campo da ordem de 25°. As imagens obtidas pelos monóculos são caracterizadas pelo baixo contraste, pela borrosidade, e pela aparência nebulosa dos traços que a compõem. O resultado eventual depende fortemente da lente usada, seu arranjo, outros fatores, que requerem testes e experiências.

A maioria dos monóculos “experimentais” são produzidos por fotógrafos independes, usando velhas objetivas normais fora de uso. (na Rússia “a matéria prima mais comum” para preparar um monóculo provém das objetivas Helios -44).

 

 

Menisco tipo A(Vest Pocket) e Menisco tipo B (Brownie)

14- Objetivas ortoscópicas

As objetivas ortoscópicos são objetivas, que não possuem as distorções geométricas essenciais da imagem. Geralmente o termo aplica-se para as objetivas do tipo grande-angular, para diferenciá-las dos do tipo retrofoco.

 

 

Russar MR2 5.6/20mm e diagrama.

 

Comparação da marcha dos raios luminosos entre a retrofoco e a ortoscópica

15- Objetivas de distorção

Objetivas de distorção são geralmente dos tipos - super-grande-angular, muito-grande-angular, que possuem uma distorção inerente com respeito ao ângulo de cobertura de acordo com a perspectiva da sua visão; são as chamadas objetivas do tipo "olho de peixe". Nestas objetivas os ângulos de cobertura no lado objeto, não seguem proporcionalmente os ângulos de saída do lado do filme.

 

 

 

 

Пеленг

 

Peleng 3.5/8mm e Zenitar 2.8/16mm com seus diagramas.

 

Distribuição dos raios luminosos na “olho de peixe”

 

Para a perfeita projecção das transparências obtidas com a “olho de peixe” foi desenvolvida a objetiva “Pleon” que possui  distorção inversa.

 

Diagrama da distribuição angular na objetiva  Pleon.

16- Estenopeica ou Pin-hole

Câmera estenopeica é a adaptação fotográfica da câmara sem objetiva para a fotografia experimental. 

Uma abertura de diâmetro óptico muito pequeno numa tampa opaca, age como lente fotográfica. Tais dispositivos não são produzidos industrialmente mas são manufaturados independentemente por artesãos especializados ou por fotógrafos práticos

 

Pentax-Type Pinhole Body Cap Lens  M42 type Pinhole Body Cap Lens attached to Zenit 35mm Camera

 

17- Objetivas Pancráticas ou Zoom

Eis que aqui incluímos a objetiva de focal variável, tecnicamente chamada de óptica pancrática e universalmente conhecida pelo nome comercial de Zoom; são ópticas que oferecem uma multiplicidade de distâncias focais adaptáveis a diversas situações. Todavia estas ópticas não são consideradas tecnicamente como objetivas, portanto serão posteriormente analisadas em aditamentos ópticos. 

Fim da 4ª parte >> Continua>> 

   

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